jueves, 25 de febrero de 2010

noticias de ALBERTO PIMENTA

“ Por onde começar? Por onde começar radicalmente, se tudo já está começado, ainda que nada esteja acabado? (…) E ainda considerando isso inevitável, como decidir-se radicalmente entre os vários caminhos que depois se oferecem?”. Alberto Pimenta.


“Mas como é possível entender que toda gente aprove o plano geral, o plano geral do universo e o plano do orçamento e dos direitos do homem com as suas garantias, e dos partidos e do episcopado e do patronato e sindicatos e das agências de seguros e resseguros e viagens e funerárias, como é que todos aprovam igualmente tudo ao reproduzirem-se de modo tão regular, tão regulamentar...”

 

Depois de 4 décadas terem passado da estreia de Alberto Pimenta no mundo da literatura, impunha-se esta reunião de vários dispersos do autor. Na sua maioria nunca publicados em livro, estes excertos de ensaios, performances, crónicas, entrevistas, guiões para televisão, traçam um itinerário sólido para quem quiser conhecer um dos mais importantes poetas e escritores de língua portuguesa. Ao longo do livro aparecem ainda alguns poemas que ancoram, contextualizam ou radicalizam ideias caras ao autor. Ou, simplesmente, tornam poéticas as visões e o labor criativo e criador do escritor.

 

Raramente associado aos mais importantes poetas vivos, parece indubitável que o percurso literário de Alberto Pimenta nos deixa antever como nenhum outro poeta de língua portuguesa aquilo que a Literatura tão pouco vezes soube ser: experimental. Não só enquanto corrente literária e linguística de vanguarda, mas também como meio conceptual de expressão (daí que a arte poética de Alberto Pimenta tenha evitado, como raramente sucede na poesia portuguesa, quer a repetição estilística e de género literário, quer os lugares-comuns em que habitualmente caem os poetas, e extravasado da escrita para a performance e o vídeo). Se a expressão artística de Pimenta se renovou ao longo dos anos, na forma, no género e no estilo literário, conferindo-lhe singularidade, a mestria do seu humor, os indeléveis happenings que realizou e a acutilância do seu discurso crítico e político deixaram uma marca única na cultura portuguesa.

O objectivo da 7 Nós é poder apresentar a uma nova geração de leitores o caminho radicalmente começado pelo autor de livros como Santa Copla Carnal, A repetição do caos, Indulgência plenária, ou da inesquecível performance Homo Sapiens. Neste contexto, ao longo de 2010 reeditaremos os primeiros quatro livros de poesia do escritor: O Labirintodonte, Os Entes e os Contraentes, Corpos Estranhos, e A Ascensão de dez gostos à boca. Publicados entre 1970 e 1977 em edição do autor, esgotadíssimos há anos, foram um marco fundamental na literatura contemporânea. Marcos e caminhos que perpassam no agora inédito Que Lareiras na Floresta e de onde se vislumbram mais de 40 anos de ofício ao papel.


No hay comentarios:

Publicar un comentario