sábado, 19 de septiembre de 2020

un, outro, único sempre, poema de Carvalho Calero

 De Carvalho Calero.

Cando estou bêbada do teu vinho, todo é formoso. 
A beleza nom tem limites, 
nom tem limites o amor. 
Todo tu, toda eu, 
todo o que fagas, 
todo o que faga, 
todo és divino, toda som divina, 
todo é divino. É um mistério sacro 
a nossa paixom. Umha liturgia 
de iniciaçom mil vezes repetida, 
em que efemeramente 
conquistamos a eternidade. 
Um sonho no cadulho do além, 
um retorno ao pedido paraíso. 
Chegamos, nocturnos, à soleira do Edem, 
nus como Deus nos fijo, de maos dadas. 
O Anjo embainha a espada. Entramos. 
Nom hai nada proibido. À sombra da árvore deitamo-nos da ciência, 
mordendo os frutos de ouro. 
Nom hai serpente. Nom hai maldiçom. 
Nom hai pecado. Nom hai mal. Hai só 
a noite como um leito, as estrelas 
como lâmpadas, o amor como um vinho 
que me transporta, e ao derramar-se, tinge 
de beleza o meu corpo, o teu, os beijos, 
a orgia, a comunhom 
de ti, de mim, de Deus. Todo é formoso, 
o que me ocorre, o que imagino, o que 
vivo, o que sonho, cando 
estou bêbada do teu vinho. 
Todo é formoso entom.  

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