De Carvalho Calero.
Cando estou bêbada do teu vinho, todo é formoso.
A beleza nom tem limites,
nom tem limites o amor.
Todo tu, toda eu,
todo o que fagas,
todo o que faga,
todo és divino, toda som divina,
todo é divino. É um mistério sacro
a nossa paixom. Umha liturgia
de iniciaçom mil vezes repetida,
em que efemeramente
conquistamos a eternidade.
Um sonho no cadulho do além,
um retorno ao pedido paraíso.
Chegamos, nocturnos, à soleira do Edem,
nus como Deus nos fijo, de maos dadas.
O Anjo embainha a espada. Entramos.
Nom hai nada proibido. À sombra da árvore deitamo-nos da ciência,
mordendo os frutos de ouro.
Nom hai serpente. Nom hai maldiçom.
Nom hai pecado. Nom hai mal. Hai só
a noite como um leito, as estrelas
como lâmpadas, o amor como um vinho
que me transporta, e ao derramar-se, tinge
de beleza o meu corpo, o teu, os beijos,
a orgia, a comunhom
de ti, de mim, de Deus. Todo é formoso,
o que me ocorre, o que imagino, o que
vivo, o que sonho, cando
estou bêbada do teu vinho.
Todo é formoso entom.
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